quinta-feira, 12 de maio de 2016

Presidenta Dilma convoca apoio contra o golpe: ‘Luta pode ser vencida’



Por Luís Eduardo Gomes, no Sul21*
Em pronunciamento à imprensa logo após ser notificada de seu afastamento temporário da presidência da República, Dilma Rousseff convocou seus milhões de apoiadores e pessoas que são contra o impeachment a lutar contra o que chamou de golpe jurídico-político consumado pelo Senado nesta manhã.
“Aos brasileiros que se opõem ao golpe, independente de posição partidária, mantenham-se mobilizados. A luta pela democracia não tem data para terminar, é uma luta permanente, que exige de nós dedicação constante. A luta contra o golpe é longa. É uma luta que pode ser vencida e nós vamos vencer”, disse a presidenta eleita, no término de seu pronunciamento.
Ela foi notificada da decisão do Senado pelo senador Vicentinho Alves (PR-To) por volta das 11h. Com a presença de ministros de sua equipe de governo, de senadores e deputados da base aliada, que cantavam “Dilma Guerreira, da pátria brasileira”, ela começou sua declaração às 11h15.
Dilma começou afirmando que estava se pronunciando na condição de presidenta que foi eleita com 54 milhões de votos. “O que está em jogo nesse processo de impeachment não é apenas o meu mandato, é o respeito as urnas, a vontade soberana do povo”, afirmou. “O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos, os ganhos dos mais pobres e da classe média”, complementou.
A presidenta eleita se disse vítima de injustiça e que sofreu sabotagem desde o início de seu mandato. Ela lembrou que as tentativas de tirá-la do poder começaram logos após as eleições de 2014, com o pedido de recontagem de votos. “Meu governo tem sido alvo de intensa e incessante sabotagem. O objetivo tem sido me impedir de governar”, afirmou.
Ela também criticou o processo de impeachment, afirmando que não cometeu crime de responsabilidade, não recebeu propina e não tem contas no exterior. “Quando uma presidente eleita é cassada sob a acusação de um crime que não cometeu, o nome que se dá a isso no mundo democrático não é impeachment, é golpe. Esse processo é frágil, juridicamente inconsistente”, disse.
Dilma reconheceu que cometeu erros, mas disse não ter cometido crimes. “Estou sendo julgada injustamente por ter feito tudo que a lei me autorizava a fazer. Os atos que pratiquei foram atos corretos, atos legais, atos de governo. Atos idênticos foram realizados pelos presidentes que me antecederam”, disse.
Ela também afirmou que o governo de Michel Temer não terá a legitimidade das urnas e afirmou que ele começa sob vários riscos. “O maior risco do País nesse momento é ser dirigido pelo governo dos sem voto. Um governo que não terá a legitimidade para propor e implementar soluções para os desafios do Brasil. Um governo que pode se ver tentado a reprimir os que protestarem contra ele. Um governo que será ele próprio a grande razão para a continuidade da crise politica em nosso país”, afirmou.
Dilma afirmou que tem orgulho de ser a primeira mulher eleita presidenta do Brasil e prometeu utilizar todos os meios legais para concluir o seu mandato. “Nesses anos, exerci meu mandato de forma digna e honesta. Honrei os votos que recebi, em nome desses votos e de todos os brasileiros vou lutar com todos os instrumentos legais de que disponho para exercer meu mandato até o fim, até o dia 31 de dezembro de 2018”, afirmou. “O destino sempre me reservou desafios, alguns pareceram intransponíveis. Já sofri a dor indizível da tortura, a dor aflitiva da doença, agora sofro mais uma vez a dor inominável da injustiça. O que mais dói é perceber é que estou sendo vítima de uma farsa jurídica e política”, complementou.
Após encerrar o pronunciamento, Dilma deixou o Palácio do Planalto e foi cumprimentada por apoiadores que foram prestar solidariedade a ela nesta manhã. Ao lado do ex-presidente Lula, do presidente nacional do PT, Rui Falcão, e de outros apoiadores, ela também fez um breve pronunciamento diante o palácio. “Hoje para mim é um dia muito triste. Mas vocês conseguem fazer com que a tristeza diminua”, disse. “A jovem democracia brasileira está sendo alvo de um golpe. Eu acho esse processo de golpe porque impeachment sem crime de responsabilidade é golpe. Aqueles que não conseguiram chegar ao governo pelo voto direto do povo. Aqueles que perderam as eleições tentam agora pela força chegar ao poder. E esse golpe está baseado em razões as mais levianas, as mais injustificáveis”.
Ela também afirmou que o processo de impeachment começou como uma vingança do presidente suspenso da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, pelo PT não ter garantido os votos necessários para barrar o seu processo de julgamento na Casa.”A própria imprensa noticiou que ele estava fazendo uma chantagem com o governo. E eu não sou mulher de aceitar esse tipo de chantagem”, disse.
Com o início do julgamento do impeachment no Senado, Dilma fica afastada da presidência por um prazo máximo de 180 dias até que seja votado se será cassada definitivamente ou se retorna ao cargo.
O vice-presidente Michel Temer também já foi notificado pelo senador Vicentinho de que assume a partir de hoje a
presidência interina pelo mesmo prazo que durar o julgamento de Dilma.
A presidenta divulgou em sua página do facebook um pronunciamento sobre a decisão do Senado:
*Via http://www.sul21.com.br/

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